" DE LISBOA A CALECUTE" 10º parte


O novo rei era “... de corpo meaõ, mais sobre o pequeno que grande, a barba teve castanha escura, com os braços tão compridos que os dedos das mãos lhe chegavam abaixo dos joelhos, o nariz curto rombo e grosso, a bocca grande e grossa, mas muito córada... Em fazer mercês era largo, especialmente com seus criados, e ainda com os de inferior foro, sendolhes taõ humano...”
Este era o rei que iria descobrir o caminho marítimo para a Ìndia e assumir, com grande modestia, o título de “Rei de Portugal e dos Algarves de Aquém e de Além Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia”... Nada mau, para um rapazito de Beja!
Quatro meses depois, a “frota dos arcanjos”, passara o Cabo da Boa Esperança. Zarpara da Praia do Restelo a 8 de Julho, de 1497. Deram a chamada “volta do largo”, fugindo à costa a partir da ilha de Santiago, quase roçando o Brasil e regressando à costa africana na Angra de Santa Helena. Arnaldo Rocha viajava com Nicolau Coelho, capitão da “São Miguel”, também conhecida por “Bérrio”. Paulo da Gama comandava a “São Rafael”. O capitão-mor Vasco da Gama, a “São Gabriel”. Atrás vinha uma nau de víveres, comandada por Gonçalo Nunes.
Cada nau transportava cerca de 40 homens. Na penumbra do porão, gatos e doninhas perseguem ratos, rodeados por toneis de vinho e de azeite, biscoitos e feijão, potes de mel, caixas de açúcar e carne seca. Cá em cima, amarrados ao mastro principal, os barris de água. A carne fresca foi embarcada viva, cacareja e bale sob a ponte. Galinhas, ovelhas e cabras esperam a hora de ser degoladas, à medida das necessidades... As grandes vagas lavarão o sangue dos sacrifícios.
25 de Novembro: a frota entra na Angra de São Brás. A nau de mantimentos é incendiada. Já nada restava de víveres.
25 de Dezembro: avistaram a terra que ainda hoje se chama Natal.
24 de Janeiro: Quelimane, o Rio dos Bons Sinais.
2 de Março: Moçambique.
7 de Abril: Mombaça.
24 de Abril: Melinde. Finalmente atravessam o Índico rumo a Calecute.
20 de Maio: Calecute à vista.
JORGE PINHEIRO

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