" DE LISBOA A CALECUTE" 11º parte


Calcute era um entreposto vital em todo em todo o comércio do Oriente, disseminado por uma complexa rede com linhas que penetravam no golfo Pérsico e no mar Vermelho, outra que se dirigia para o golfo de Cambaia, e ainda outras duas para Bengala e Malaca.
Em Calecute viviam mais de quatro mil mouros, que há muito dominavam o comércio. Vasco da Gama recebera ordem expressa para expulsar os mouros e agarrar o monopólio comercial. Arnaldo não se apercebera da avidez do rei português.
Vasco da Gama enviou-o a terra negociar com o Samorim, senhor dos mares e rei de Calecute. O Samorim mostrou-se amável, mas esquivo. Perguntou-lhe se vinham de Castella, de França, ou de Veneza. Nunca ouvira falar de Portugal.
Arnaldo empolou o reino de Portugal: D. Manuel era “senhor de muita terra e rico de todas as coisas, mais do que nenhum rei daquelas partes”. Eles vinham como embaixadores. Vinham em busca de cristãos. Vinham revelar o verdadeiro Deus... Evangelizar. Não vinham “porque lhes fosse necessário ouro e prata, porque tinham os dois metais tanto em abundância que lhes não era necessário havê-los desta terra”.
O discurso diplomático de Arnaldo impressionou o Samorim. O encontro com o capitão-mor ficou aprazado.
No dia 28 de Maio, de 1498, Vasco da Gama, com mais treze companheiros, é recebido em audiência pelo rei de Calecute. Iam todos bem ataviados. Levavam trombetas e muitas bandeiras... Esqueceram-se do principal: presentes!
Na bagagem apenas “doze lambéis, quatro capuzes de pano vermelho, seis chapéus, quatro enfiadas de coral, um fardo com seis bacias, uma caixa de açúcar, dois barris de azeite e dois barris de mel”.
Os validos do Samorim acharam a oferta ridícula e indigna do rei. Recusaram-se a recebê-la: “...Que lhe mandassem algum ouro, porque o rei não havia de tomar aquilo”.
Vasco da Gama ainda tentou argumentar que não era mercador, mas embaixador... Que não vinha senão ver e descobrir. O Samorim entrou logo ao ataque. “O que vinha ele descobrir: pedras ou homens? Se vinha descobrir homens, como dizia, porque não trazia alguma coisa que se visse?”.
Daí para a frente, tudo começou a correr mal. Mais fácil fora chegar à Índia, do que penetrar Calecute
Numa atitude de claro desprezo, o Samorim limitou-se a autorizar que os portugueses negociassem em terra as mercadorias que na armada seguiam, como se simples mercadores fossem.
Paulo da Gama mandou desembarcar ferro, panos, trigo, arame e outras tralhas que encontrou nos porões. A marinhagem ia a terra contente por poder comerciar. Trocavam manilhas, camisas ou estanho, por pedras finas e cravo... E todos pareciam satisfeitos!!!
JORGE PINHEIRO

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