UM DIA ATRIBULADO NA VIDA DE SIMÃO TALHINHAS....



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III PARTE





DE COMO SE DESCOBRIU QUE SÉRGINHO NÃO ESTAVA NA AMAZÓNIA, MAS FUGIDO EM PARIS, PORQUE VENDEU KITS FALSOS DE CAÇA A LOBISOMENS - DAS TRISTEZAS DO PRIMO JULIÃO E DOS NEGÓCIOS FRUSTRADOS NO "eBay" - COMO SIMÃO A TROCO DE MOLESKINES DÁ UMA RECEITA IMPARÁVEL PARA MANTENÇAS DA VIRILIDADE-





Como os queridos leitores se recordam, deparou-se a Simão, quando pôs os pés na rua, uma chinfrineira musical pior do que sons de mercado de Ispahan. Foi debaixo destes malévolos decibéis que se dirigiu ao que pensava ser a última visita do dia. Com entrada na porta contígua subia-se para o pequeno estúdio onde morava o primo Julião, que era de todos os familiares aquele com quem mantinha mais cumplicidade convivial. Ora, não estando o Julião agarrado à Xbox a jogar " Ghostbusters; ou a praticar na guitarra eléctrica o " New Morning Vision" do Carlos Santana. Era sinal que se mantinha ainda o Julião minado por recente desgosto que os traiçoeiros fados lhe tinham reservado, logo agora que estava prestes a participar na Wikipedia com um artigo sobre as propriedades do aipo no combate à disfunção eréctil. Todo este estado de espírito era agravado por ter de responder aos protestos de vários compradores que reclamavam por os Kits de Caça aos Lobisomens não terem provado. O protesto maior vinha do João Orelhudo, um caçador profissional de Vampiros e Lobisomens, que andava há trinta anos atrás do Libório dos pés grandes. É que o Libório não enganava, tinha um sinal exterior muito forte, umas sobrancelhas tão farfalhudas que reduziriam à insignificância ostentações de Frida Kalo ; ainda nas semanas de Lua Cheia o Libório, de manhã, trazia sempre parte da fatiota debaixo do braço, o que indiciava uma transformação para humano algo apressada. Aconteceu que o Sérginho à falta de prata sagrada para a fabricação das balas mortíferas para o extermínio do grande " Loup Garou" ( a vigilância aos lugares sacros era muita por causa do abotoamento aos painéis de azulejos) , começou a fabricar balas de estanho, que reluziam como prata mas eram ineficazes. Uma noite, embosca o nosso caçador de monstros a Besta, que se dessedentava no chafariz do jardim, aponta-lhe entre os olhos, ia finalmente saber-se a entidade humana de tão terrifica criatura. Não dá a fera de si por tão ligeiro afago e abala para as bandas da Rua da Escola Politécnica, fazendo saltar um sem-abrigo que pensou que já tinha chegado o Carnaval. No outro dia o João, caçador frustrado ( que deixava assim fugir o prémio VAN HELSING, para amadores), encontra o Libório ( Lobisomen anónimo) , com um grande "galo" na testa, mesmo junto ao tufo maior daquelas sobrancelhas de estimação.Sabendo-se de tudo isto ( que é safadeza em qualquer língua), tentou Simão confortar o Julião, que abandonou um projecto no "eBay", "De leilão de preservativos em "Quecas "célebres", mesmo assim, triste, olhava fixamente uma reprodução gigante de o " Nu a Contra-Luz" de Pierre Bonnard, e um meio retrato de perfil de Lou Salomé, a bela jovem russa a quem Friedrich Nietzsche quis amar perdidamente, este retrato lembrava-lhe também um infausto amor não correspondido por uma colega de faculdade do terceiro ano. O desgosto vinha e persistia pelo infausto acontecimento do incêndio que tinha destruído a fábrica de preservativos de Avintes, unidade que o abastecia para o seu périplo nocturno à zona das Docas. Estava tão triste que nessa manhã ainda não tinha feito os seus exercícios do curso de Tantra por correspondência e, não tinha ainda comido as suas gemas fritas em mel, uma receita antiquíssima , para activos do Harém , e não só, e que já o tinha feito famoso do Estoril até à foz do Trancão. Receita que Simão tinha coligido em Istambul, na Biblioteca do Topkapi, e que até vinha mencionada no " Jardim das Delicias" do Xeique Nefzaui. Para o consolar Simão disse-lhe que lhe trazia um saco de aipos para enfeitar os seus cocktails Bloody Mary e para umas sopas que se dizia milagrosas no que tocava à mantençade virilidades. Estava ainda disposto a deixar-lhe escrito uma das mais secretas e potentes receitas para os devaneios de alcova, mas só faria isso se Julião lhe desse logo ali os dois cadernos Moleskine, que havia prometido há muito e, que eram mesmo originais comprados na Rue de I'Ancienne Comédie.Fez Julião uma cara tão ou mais avarenta que a das figuras de Dickens, mas quando o primo lhe falou na célebre " Polenta de Favas Hercúlea" , que fica com a aparência de um Zabaglione, acedeu e deu de imediato os dois famosos de capa preta.


( não perca o próximo episódio)


josé movilha

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