Meus pais tinham um amigo inglês, muito gentil, que um dia telefonou para eles dizendo que tinha um presente de Natal para as suas filhas, eu e minha irmã. Era um carneirinho! Nós duas ficamos animadíssimas, já imaginando um carneirinho branquinho e muito fofo. Então lá foi minha mãe, de taxi, naquele tempo se falava "carro de aluguel", buscar o tal do carneirinho na casa do inglês que morava no bairro do Pacaembu, em São Paulo.
Chegando lá, minha mãe teve a maior surpresa ao ver que o tal do carneirinho era na verdade um carneirão adulto, de chifres retorcidos, lanudo e encardidíssimo, que veio trotando em direção a ela, passando por entre as poltronas, mesinhas e outros móveis da sala. Minha mãe, coitada, bem que tentou recusar o presente, mas não houve jeito, o tal do inglês queria mesmo era se livrar do animal. Com a ajuda do motorista do taxi, colocaram um saco de estopa na cabeça do carneiro, amarraram as pernas e com muito custo colocaram o animal entre os bancos do carro. O carneiro se debatia, tentando dar marradas e cabeçadas. Minha mãe segurava-o pelos chifres, morrendo de medo de levar uma chifrada. Nem bem o carro tinha andado dois quarteirões, minha mãe não suportando mais lutar com o carneiro, disse:
- Pára, pára já o carro! Vou soltar esse carneiro aqui mesmo!
O Pacaembu naquela época, 1947, era pouco povoado, com muito mato, terrenos baldios...
O taxista então teve uma idéia:
- Dona, se a senhora não se incomoda, em vez de soltar, posso ficar com ele para comermos no Natal...
Minha mãe, muito aliviada, concordou sem vacilar!
- O carneiro é seu, contanto que eu não o segure nem mais um minuto!
O motorista colocou então o carneiro no porta-malas e lá se foram eles até Pinheiros, onde morávamos, com o carneiro dando pulos e se debatendo.
Final feliz para os dois .... já para o carneiro...
(Por Sonia de Amorim Mascaro)
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Seu conto me remeteu imediatamente para a VELHA e CONHECIDA história do BODE NA SALA.
Para quem não sabe ( será que ainda alguém desconhece?)
A parábola é antiga. "Alguns a dizem de origem chinesa, outros de origem árabe e até já ouvi uma versão nordestina.
Entretanto, o formato é o mesmo.
Ao ouvir os reclamos de seus muitos filhos sobre as precárias condições em que viviam, o lavrador não teve dúvidas: trouxe o bode do quintal para a sala.
Durante um mês, a vida que já era ruim se transtornou ainda mais.
Após este período, o lavrador voltou o bode para o quintal.
Seus filhos se convenceram de que suas vidas eram as melhores do universo."
O amigo da sua mãe tentou tirar o CARNEIRO da casa, e sua mãe idem com o taxista! Quem pagou o mico??
Por Eduardo P.L.
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Devia ter uns onze anos quando minha mãe, genuína polaca em questões de estilo e moda, me comprou um calção de banho roxo-hematoma e eu, já querendo tomar
as rédeas da existência, finquei pé de que não iria vestir uma coisa daquelas.
- Se quiser trocar, vá sozinho à loja, porque eu não vou! - me disse ela.
E lá fui eu, tomar ônibus até a Praça Zacarias para efetuar a troca nas Lojas Pernambucanas. Na época, até onde sabia, apenas a Americanas tinha escada
rolante na cidade: dois lances paralelos, um para cima, outro para baixo - como convém; mas na dita Pernambucanas me deparei com um só lance, que descia, e
eu tinha que subir.
Na falta de alternativa visível e orgulhoso a ponto de não pedir orientação, me meti na escada, desafiando os degraus que teimavam em descer, enquanto eu
pernava e penava para vencer a gravidade. Não lembro quanto tempo levei (até hoje me parece ter sido uma eternidade) para conseguir chegar até o segundo
andar mas cheguei, ofegante, suando, com as pernas bambas e fazendo de conta que nada anormal havia ocorrido.
Com o rabo do olho vi dois ou três vendedores que trocavam muxoxos entre si, me agarrei a um trapo da dignidade que me sobrou e fui até o balcão de trocas,
para finalmente ter meu calção verde-limão.
(Por Claudio Boczon)
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CONTE O SEU...
6 comentários:
Eduardo,
Eu não conhecia essa parábola... bem exemplar! Na certa quem pagou o mico foi o Carneiro!
Beijos.
Sonia,
o negrito é segredo entre você e o Quintino? Ou pode ensinar????
Claro que posso ensinar! Super fácil! Vou enviar por e-mail.
Bjs.
Aprendi agora o que quer dizer pagar um mico, não sabia o que queria dizer esta expressão. Interessante, vou pensar em algo sobre o tema.
Abraços a todos.
Maria Augusta,
AGUARDAREMOS....
Abçs
Quem não pagou um????
Claudio, DEMOROU mas veio com TUDO. Muito bom. Eu me vi em alguns momentos do CONTO com aquelka idade e aquelas pequenas experiências FUNDAMENTAIS de afirmação!
Roxo, por verde limão, bela troca!
Abraços e vamos ver se o POVO se ANIMA!
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