Eu e meu pai

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Hoje me lembrei de uma noite passada há muitos anos.Meu pai e eu estávamos na casa de sua terceira mulher, na Urca, (papai tinha essa coisa meio Elizabeth Taylor, casou várias vezes, algumas com a mesma mulher). Era madrugada e bateu uma vontade louca de comer uma pizza.
Fui então escalado pra comprar uma pizza de alho no Garota da Urca, distante alguns quarteirões da casa.Ao voltar, pizza na mão, entrei numa rua absolutamente deserta.
Uma brisa leve balançava as árvores, um cachorro latia ao longe, o cheiro da pizza, eu com 15 anos e de repente, a pizza era minha, a rua era minha, o pai era meu, eu tinha 15 anos e o mundo era meu .
E era lindo! Saudade daquela pizza, daquela brisa, dos meus 15 anos , da felicidade inesperada ao me sentir o dono da rua, e sobretudo, saudade eterna do meu pai.
Por Victor Colonna

6 comentários:

sonia a. mascaro disse...

Victor,
Existem momentos na nossa vida, que nos marcam e nos deixam muitas saudades!
Você nos descreve com muita sensibilidade um deles!
Um abraço.

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Ei!
Estou chegando e ja me encantando
com o espaço...
Passa no meu canto depois...
vai ser uma honra...
Bjins entre sonhos e delírios

Anônimo disse...

Seu conto me fez voltar no tempo também! Estou com lágrimas nos olhos, sim, saudades eternas me acompanham.

Thérèse disse...

Sorry to have to comment here Sonia: my internet explorer does not want to stay on your blog and aborts my tries... I listened to Scriabin though whom I discovered listening to a Brasilian pianist. C. Pagano...
There is a large Brasilian community in Phoenix.

Mariano P. Sousa disse...

Gostoso passar aqui e ler esse belo e saudoso conto!
Voltarei. Abraço!

entremares disse...

Um último mergulho...
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Cheia de preguiça, esticou os braços.
De olhos fechados, mal sentia o corpo, ainda trôpega de sono.
Apetecia-lhe voltar a mergulhar nas águas transparentes do recife, abandonar-se ao sol sobre as areias brancas, voltar a adormecer à sombra dos coqueiros.
Um torpôr agradável assaltou-lhe o corpo e ela permaneceu imóvel, de olhos fechados, em êxtase.
Podia ouvir o mar.
Ondas mansas desfaziam-se em espuma na areia. A praia, vazia, era só uma imensa extensão branca e verde, pejada aqui e ali de rochas solitárias, ainda a escorrer água da maré alta.
Mesmo de olhos fechados, era fácil imaginar o azul forte do céu, as velas brancas dos veleiros sulcando as águas, as cabanas de madeira pendendo sobre a lagoa cor de esmeralda.
E o silêncio... ah, o silêncio...
Aquela ausência aboluta de tempo, de horários, de ruídos de fundo, de jornais, de televisão...até a ausência de sapatos... só a música de fundo do bater das ondas na praia, o abanar da copa dos coqueiros e das palmeiras.
Deixou-se ficar imóvel, quase ausente do corpo, imersa em sensações de paz, de uma profunda paz que lhe tomava de assalto o espírito, como se até os próprios pensamentos surgissem agora em câmara lenta, a um ritmo quase tão lento como o próprio respirar...
Pelo menos uma vez na vida, todos deveriam poder experimentar aquela sensação de paz quase absoluta, retemperadora de forças.
O paraíso, a existir, deveria ser algo de muito semelhante...

Sentiu que a abanavam, com extremo cuidado.
Abriu os olhos.

- Mãe... – tenho fome... vem fazer-me os cereais...
- Hum... o quê?
- Tenho fome... vem dar-me de lanchar...
Esfregou os olhos, ainda estremunhada. Pela janela, conseguia distinguir perfeitamente o céu cinzento e aquelas gotas irritantes, cinzentas, de uma chuva que, apesar de maio, teimava em persistir, estragando o que prometia ter sido um óptimo fim-de-semana.
- Onde está o pai ?
- Está agarrado ao computador... tenho fome...

Virou-se para o lado no sofá.
- Vai dizer ao pai para te dar de lanchar... eu ainda vou à praia dar mais um mergulho...
- Um mergulho ? Mãe ?

Ela já deixara de o ouvir.
De olhos fechados, ouvia novamente o mar a chamá-la.
O mar, o sol, e uma praia de areia branca...


( Uma óptima semana... )

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