O bom filho a casa torna

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Como sou uma leitora voraz desde muito jovem, tenho muitos livros em minha casa. Num certo dia, olhando para as minhas estantes abarrotadas de livros, resolvi fazer uma doação para a Biblioteca Municipal da cidade próxima. Levei um bom tempo separando os livros que eu achava que não iria mais reler. Foi difícil escolher, porque sou muito apegada aos meus livros. Cada um deles tem uma história, uma referência e traz lembranças de uma fase da minha vida. Mas senti que eu estava sendo egoísta em manter estantes com tantos livros “adormecidos”, que talvez jamais fossem relidos. Eram tantos os assuntos, literatura, jornalismo, história, filosofia, mitologia, cinema, artes... Depois de quase um mês de triagem, enchi várias caixas de plástico com os livros para serem doados. Foi preciso várias idas à cidade para poder levar todos eles. O prédio da Biblioteca Municipal era antigo e estava muito mal conservado. Um novo prédio estava quase pronto para ser inaugurado. Doei os livros, preenchi a minha ficha de inscrição, caso algum dia eu quisesse “matar as saudades” e emprestar alguns deles. Recebi semanas mais tarde uma carta de agradecimento pela doação.
Mais ou menos depois de um ano, me bateu o desejo de reler o livro “Contraponto” , de Aldous Huxley. Fui então à Biblioteca, agora em sua sede nova e fui procurar pelo “Contraponto” . Não achei nem esse nem nenhum outro livro do autor (eu havia doado todos os meus livros do Huxley). Fiquei intrigada e comecei a procurar também pelos livros de André Gide, Herman Hesse, Josué Montello, Mário de Andrade, e toda a coleção da Revista Civilização Brasileira, uma importante revista que circulou na década de 60 e muitos outros livros... em vão. Fui ao balcão, me identifiquei e perguntei à bibliotecária onde estavam os livros que eu havia doado. Recebi dela um olhar constrangido e a seguinte explicação para a ausência dos meus livros:
- No ano passado, um temporal inundou várias ruas aqui da cidade, (por acaso eu havia lido no jornal da cidade a notícia e visto as fotos das ruas alagadas) e todos os livros que a senhora doou já estavam catalogados e estocados numa sala, à espera da nossa mudança para este prédio novo. Mas o temporal foi tão grande que uma parte do telhado cedeu, a chuva caiu em cascata pelas paredes, encharcou todos os seus livros e não foi possível recuperá-los...
- Que pena, nada dura para sempre...
Fui embora triste, imaginando todos aqueles livros que me foram tão queridos, empapados, com as páginas coladas umas às outras, sendo jogados no lixo.
No final de semana seguinte, meu filho foi para Ribeirão Preto e me ligou de lá perguntando se eu queria alguma coisa, pois ele estava numa livraria.
- Quero sim, o “Contraponto”, do Aldous Huxley. Adoraria se você encontrasse...
Ele encontrou e o “Contraponto”, qual um filho pródigo, voltou aqui para a minha estante.

Por Sonia A. Mascaro

Você pode também ler este texto no blog Leituras & Imagens

14 comentários:

Anônimo disse...

Eu também já doei para uma Prefeitura. tempos depois soube que todos os livros ( eram muitas caixas) estavam na casa do Prefeito...
E sou muito apegado aos meus, também!
Parabéns por colaborar aqui no nosso blog!

Bjs

sonia a. mascaro disse...

Eduardo,
Estou novamente enchendo outras caixas com livros, agora vou doar para a Biblioteca da Faculdade onde a Sofia dá aulas. O prédio é novíssimo! (risos)
Bjs.

sonia a. mascaro disse...

Ah! Faltou acrescentar que estou também contente por voltar a colaborar aqui no nosso blog!
Bjs.

Anônimo disse...

Sonia,

apesar do AVISO no siderbar do VARAL ( que as pessoas não leem!), parece não ter surtido MUITO efeito!
Fazer o que? srsrs
Bjs

Selena Sartorelo disse...

Olá!

Tenho uma rotina diária no caminho que percorro aqui.
Ás vezes mudo um pouco o percurso, e hoje foi o nome do blog que chamou a minha atenção,então vim.
E após ler, gostar e ficar um tempo parada olhando essa palavras até as imagens do filme que criei desaparecem da minha mente.
Fui olhar ao redor e qual não é a boa surpresa...tem um montão gente aqui que estão lá também!!!!!!!!


Ai!!!!!!!!!!!!!!!
Que essa frase ficava martelando na minha cabeça iguais aos meus filhos quando querem fazer alguma coisa.
Mas como fazer?...não quero simplesmente copiar um conto que já tenho escrito, ou melhor que já tenha tentado escrever, quero um novo...E cada vez que olhava no alto dessa caixa a frase piscava insistentemente e dizia - conta vai! A vontade era tão grande que não conseguia pensar em nada, muito menos em que conto contar, lia e relia esse conto que a Sonia contou, e conto, que de tão bem contado me perdia nas imagens e cheiros dos livros molhados pela água. E daí danou-se tudo.
A cada lida eu ficava mais brava com a tal da inundação, que me desconcentrava ainda mais. Então resolvi foi contar sobre um conto que não escrevi e dele sobrou apenas a vontade de querer contar.

Adorei esse espaço, agora já sei para onde fugir.

beijos, Selena

Selena Sartorelo disse...

...Eu não quis contar um conto, queria mesmo era aumentar um ponto rsrsr.

beijossssssss

Selena Sartorelo disse...

Olá,

Nossa!!!! Estou me divertindo muito aqui...se cansar avisem, por que eu ainda não cansei. E acho que essa é a minha primeira tentativa em escrever com diálogos, aceito todas as sugestões e criticas... de boa!

O CAUSO DO CONTO:

- Ói moça..ieu nunm quiria conta um conto não. ieu quiria é conta uma causo memo, póde?

- Meu senhor, eu já lhe expliquei. O senhor pode contar o que quiser...o importante é que o senhor participe.

- Mai dona a moça num que nem sabe porque ieu num quero conta um conto?

- Na verdade senhor, eu ainda tenho muitas pessoas para atender e o senhor já está aqui há mais de quinze minutos.

- Ói moça com todo o respeito que eu lhe devo a dona...eu só queria me explica por causa da desobediência que tô causano , a dona entende?

- Claro, perfeitamente. Se é tão importante, conte-me por favor.

- Agora a dona me fez perde a paciência, a moça acha que eu so algum caipira que num entende desse negocio de ironia é?

- Não foi essa a minha intenção, só estava atendendo ao seu pedido meu senhor.

- Bam, já que a dona insisti tanto então eu conto o meu causo. Mas a dona tem certeza que qué ouvi.

- Não. Não quero ouvir o seu causo, quero ouvir o porque que o senhor quer contar um causo e não um conto.

- AHHHHHHHHH!!!!!!!!! Ieu sabia que tinha cueio nesse mato. pois agora a dona vai fica quereno, por que isso eu num quero mais conta, se quizé eu conto o causo.

sonia a. mascaro disse...

Não é que eu fiquei curiosa? Que tal escrever esse conto?
Um abraço.

Selena Sartorelo disse...

Olá Sonia...não sei te dizer se consigo escrever...mas vou tentar acho que pode ser bem divertido...Mas que tal se você começar? Ou se prefirir pode simplesmente recusar...ou também continuar.(Ah! poderemos mesclar)...Sem regras nem condições, sem tempo nem obrigações.
Pense no caso e me diga depois.

Beijos,

sonia a. mascaro disse...

Selena, obrigada pelo convite, mas desta vez prefiro ser apenas leitora.
bjs.

Selena Sartorelo disse...

Sonia, não por isso. Carrego o pesar da recusa pois acho que seria bem divertido, mas acredite, entendo. Teremos outras ocasiões.

Quanto ao conto eu esperarei calmamente que este chegue naturalmente, deixarei fluir sem fazer disso um compromisso, pode ser?

Beijos e obrigada pela sinceridade...gosto muito disso.

Selena Sartorelo disse...

Ah! Ter você como leitora me faz muito feliz,pois sei que será sincera se algum comentário fizer, pois já deve ter percebido que quero muito aprender de verdade, com essa dona sinceridade.

beijos.
Selena

PAULA OLIVEIRA disse...

Oi Sônia!
Você comentou uma indicação minha no "O que elas estão lendo" hoje, sobre o livre da Simone que indiquei.
Então, obrigada pela dica (A Velhice), vou procurar me informar a respeito desse livro e lê-lo também!

Você foi ativista na década de 60??? Fiquei curiosa!!
Abraço!

Anônimo disse...

Adorei seu conto Sonia, até não consegui doar nenhum dos meus livros...rs.

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conte o seu : qcucaup@gmail.com